Carreira

Piloto de drones, nova profissão em ascensão que paga até R$ 12 mil

Atividade que pode ser feita na indústria, nos serviços e no agro vem ganhando adeptos, e procura por cursos dispara

Drone DJI Mavic 3, considerado um dos melhores do mundo (Divulgação)

Drone DJI Mavic 3, considerado um dos melhores do mundo (Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de setembro de 2024 às 10h01.

Piloto de drones é a profissão do momento. O uso do instrumento deixou de ser limitado a filmagens e, agora, está presente em várias atividades econômicas desde agricultura até a exploração de petróleo. Entre 2017 e 2022, o número de trabalhadores com essas habilidades cresceu 130%, contra 14% do total dos empregados com carteira assinada, de acordo com estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Essa é a profissão de Guilherme Bender desde 2020. Ele era gerente de restaurantes na China, onde vivia desde os 11 anos, quando veio passar as férias no Rio no início de 2020. Com a pandemia e a interdição dos aeroportos no período do isolamento, Bender não conseguiu voltar, e recomeçou a vida no Brasil.

—Comprei um drone junto com um amigo e começamos fazendo filmagens. Hoje, faço inspeções para a indústria de óleo e gás e mineração.

Um piloto profissional chega a ganhar bem mais que a média salarial do país. O estudo da Firjan com base na Relação Anual de Informações Sociais, a Rais, de 2022 — último ano disponível do registro do Ministério do Trabalho — mostrou que a média salarial de um operador de drone com carteira assinada é de R$ 8,3 mil. Mas, segundo empresários do setor, o salário pago a um operador no setor rural pode ultrapassar R$ 12 mil.

Faltam profissionais

Para Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan e responsável pela pesquisa, a operação técnica na indústria e no campo fez crescer a procura por esses profissionais:

— Há cinco anos, a profissão não existia como existe hoje. É um cenário de mudança tecnológica, com a indústria avançando nesse sentido. O drone tem sido utilizado para tudo.

O uso também vem crescendo no agronegócio. Adauto Boza Júnior, de 24 anos, está no comando dessas aeronaves há dois anos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul:

— A demanda é muito alta. O agronegócio tem visto que a precisão que os drones oferecem é muito efetiva.

Funcionário de uma fazenda, trocou a carreira militar pelo controle das aeronaves remotamente pilotadas (RPAs, na sigla em inglês). Além do trabalho regular, faz outros trabalhos com os drones:

— O mercado de drones é versátil. Quando não estou no agronegócio, trabalho com foto e filmagem. É uma área que te mantém ativo o tempo todo — diz Boza Júnior.

Esses equipamentos, que começaram a se popularizar em filmagens e fotografias, são usados em monitoramento de estruturas de plataformas de petróleo em alto-mar, na manutenção de linhas de transmissão, pulverização de pesticidas nas lavouras e até na medição térmica e de umidade do solo nos campos, ajudando a aplicar de forma mais eficiente os fertilizantes.

Com quase dez anos de atuação, Mateus Maia trocou a pilotagem de helicópteros para chefiar a DR1, empresa que presta serviços de inspeção por drones e até lavagem de fachadas. Ele, que também possui uma área de ensino para formar pilotos, diz que tem dificuldade para encontrar pessoa na área:

— Temos dificuldade de encontrar profissionais capacitados. Há escolas hoje, mas normalmente os treinamentos são curtos, que não trazem vivência para o profissional que quer entrar no mercado sabendo fazer.

A empresa fornece análises para grandes empresas do setor de óleo e gás e mineração que querem reduzir custos e aumentar a segurança operacional. Maia conta que a demanda é tão grande que seus funcionários são sempre procurados pela concorrência.

Novas habilidades

Para quem deseja entrar no mercado, cursos que ensinam a pilotar, a seguir as regras e dá instruções básicas de operação não faltam no mercado. Guilherme Dias, supervisor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SenaiI) de São Paulo, afirma que o curso foi implantado a partir da demanda, e que a operação vem para qualificar profissões já existentes:

— O drone não vem substituir, vem complementar. Os profissionais que têm base técnica terão que se aperfeiçoar para acompanhar o desenvolvimento da profissão deles, ganhando habilidades que o diferenciam na nova indústria.

Segundo Dias, a base do ensino contempla dois cursos introdutórios, de pilotagem e legislação, e o último se ramifica de acordo com a profissão. Hoje, o Senai-SP oferece cursos para técnico de segurança e de inspeção em energia.

A demanda também é grande no campo. Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), foram 230 alunos em 2017 inscritos nos cursos para pilotagem oferecidos pelo sistema gratuitamente. Até setembro deste ano, já foram 14 mil inscritos:

— A demanda explodiu, porque o drone veio para ajudar de forma eficiente as ações rurais, com tecnologias de pulverização, monitoramento e mapeamento da propriedade. É uma demanda que cresceu muito e, dentre as tecnologias, é a mais demandada pelo agronegócio hoje em dia — diz Gabriel Sakita, coordenador técnico da instituição, que também oferece alguns cursos teóricos sobre o tema on-line.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) do Rio também oferece curso de curto período que ensina os primeiros passos para a pilotagem e captação de imagens:

— É uma profissão com entrada fácil e que há facilidade para gerar renda, seja como empregado ou profissional liberal. Mas requer treinamento em parte regulatória, teoria e prática — afirma Claudio Tangari, assessor de inovação da instituição. Os cursos são itinerantes, e já foram oferecidos, para além da capital fluminense, na Região Serrana do estado.

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