Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:
seloCarreira

Um sentimento generalizado de insegurança paira pelo mercado da tecnologia. Desde startups até grandes corporações, uma expressão do inglês vem ganhando força nos corredores das empresas: ‘layoff’. Esse é o termo utilizado para descrever uma demissão em massa — quando uma empresa suspende ou encerra o contrato de vários colaboradores ao mesmo tempo.

O início de 2023 foi marcado por uma sequência inédita de demissões em massa. Só nos últimos dois meses, mais de 30 desligamentos coletivos foram registrados no portal Layoffs Brasil. E a cada semana pelo menos uma nova rodada de demissões é anunciada, enquanto profissionais do setor temem pela próxima vítima.

No exterior, grandes players como Google, Microsoft e Amazon também têm vivenciado experiências semelhantes. Seria isso um sinal claro de uma extinção em massa iminente ou apenas um movimento cíclico de readequação do mercado a uma nova realidade?

As raízes do movimento

A onda de layoffs é um fenômeno global. Para compreender suas causas é necessário retornar ao ano de 2009, no período logo após o colapso econômico de 2008. A crise dos subprime foi um poderoso abalo sísmico em todo o sistema financeiro global e levou as instituições financeiras a reavaliar seu papel na dinâmica do mercado.

Para o governo americano, o caminho foi injetar dinheiro para resgatar os players que eram grandes demais para quebrar, como o JPMorgan e o AIG. Ao mesmo tempo, mobilizou uma série de iniciativas para reaquecer a economia e combater a recessão.

Seguindo o exemplo americano, outros bancos centrais convergiram em direção a políticas monetárias mais flexíveis, reduzindo as taxas de juro a patamares historicamente baixos. Com a queda dos custos de capital e o acesso facilitado ao crédito, o apetite dos investidores aumentou consideravelmente.

Não por acaso, o período entre 2019 e 2019 foi de prosperidade para as empresas digitais e os unicórnios. O fácil acesso a financiamento ajudou companhias como a Apple e a Meta (antigo Facebook) a expandir suas operações e criar novas linhas de receita.

Esse cenário de grande liquidez e abundância de capital mudou drasticamente em 2020, com a chegada da pandemia de covid-19. A insegurança trazida pela situação de calamidade pública causou uma escassez repentina de fontes de crédito e financiamento, afetando cadeias produtivas de todos os setores e deixando empreendedores desamparados.

Paralelamente, fatores externos como a guerra na Ucrânia e dificuldades na distribuição global de alimentos contribuíram para o aumento desenfreado dos preços de insumos básicos. Em resposta à pressão inflacionária, as autoridades monetárias dos governos se viram forçadas a aumentar as taxas de juro para conter o nível de preços. 

Em maio de 2022 o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, anunciou a primeira alta nas taxas de juro, desencadeando uma série de eventos que hoje resultam nos layoffs presenciados ao redor do mundo.

O aumento das taxas de juro: o "novo normal"

(Future Dojo/Divulgação)

A inflação americana está hoje nos patamares mais elevados das últimas décadas. A tendência é que o Fed continue sucessivamente aumentando sua taxa de juro em resposta à inflação, apontando para uma recessão e desestimulando cada vez mais os investimentos.

Mas o que a taxa de juro dos Estados Unidos tem a ver com os layoffs no Brasil? A resposta está na integração das cadeias produtivas e do sistema financeiro internacional.

Primeiramente, porque o aumento das taxas de juro resultam imediatamente no aumento dos custos com capital, o que torna mais arriscado o ato de investir. Os investidores, por sua vez, realocam seus recursos para investimentos considerados menos arriscados e mais rentáveis.

Em segundo lugar, investir em países emergentes como o Brasil já é arriscado por essência, o que por si só já afasta muitos investidores de perfil mais conservador. Aumentos na taxa de juro americana fazem com que os investimentos nesses países sejam sistematicamente redirecionados a outros destinos. 

Por outro lado, existe um grande volume de empréstimos feitos em dólares no Brasil e em todo o mundo. Devido a isso, qualquer pequena flutuação na taxa de juros americana tem potencial para afetar profundamente o fluxo mundial de capitais. 

No final, a combinação de todos esses fatores estabelece um círculo vicioso: a inflação aumenta, as taxas de juro sobem, a economia desacelera e o fantasma do desemprego volta a assombrar os profissionais.

(Future Dojo/Divulgação)

Do aumento das taxas de juro aos primeiros layoffs

O cenário de escassez de capital e dificuldade de acesso ao crédito exigiu que as corporações redesenhassem sua estrutura operacional para refletir o novo panorama de investimentos no Brasil e no mundo.

As primeiras demissões em massa transmitiram ao mercado a mensagem de que é possível preservar a eficiência operacional com menos recursos. Isso criou uma pressão para que todas as empresas passassem a operar com estruturas mais enxutas. Esse fenômeno ficou conhecido como ‘inverno das startups’.

Estratégias ambiciosas de expansão, caracterizadas pela abertura de novas vagas e investimento pesado em pessoal, foram substituídas por reduções no quadro de funcionários visando a otimização de custos. Especialmente em um cenário em que os salários dos profissionais também estão inflados. 

Tudo isso serviu para readequar os modelos de negócios a uma nova realidade em que a captação de recursos se tornou muito mais complexa e diligente. Em outros termos, a taxa de crescimento perdeu o protagonismo para a margem operacional e isso gerou um efeito dominó.

Hoje, as demissões em massa estão ocorrendo em diversos segmentos da economia, partido das startups e segmentos mais tecnológicos, e chegando a áreas mais tradicionais como o próprio varejo. Internamente, os departamentos mais afetados têm sido o de Marketing, Produto, TI, Design, Experiência do Cliente e Vendas.

Inovação: a área que segue crescendo apesar do inverno das startups

Há um debate em andamento sobre a verdadeira natureza da onda de layoffs. Não é possível afirmar com certeza se trata-se de uma movimentação cíclica do mercado ou se essa é a nova configuração padrão para startups e empresas da tecnologia — menos pessoas e mais eficiência. O tempo vai revelar se essa tendência veio para ficar.

O fato é que existe uma área que segue em alta na contramão do clima pessimista do mercado: a inovação corporativa. Frente ao desafio da renovação para a sobrevivência, a figura do profissional de inovação vem ganhando tração em empresas de todos os portes e segmentos.

O "Innovation Survey", pesquisa conduzida pela consultoria ACE Cortex, apontou que 80% das empresas entrevistadas de médio e grande porte possuem planos para investir em inovação ainda no primeiro semestre de 2023. Isso significa que mesmo com o cenário econômico nebuloso, a inovação mais do que nunca se tornou uma pauta prioritária.

Por outro lado, a pesquisa também indica que somente 36% das empresas entrevistadas consideram ter a estrutura necessária para atingir seus objetivos com inovação. Esse número demonstra que há uma crescente conscientização acerca da importância da inovação e uma urgência no sentido de criar as bases necessárias para inovar.

O que tem sido observado é que as corporações que já possuíam estruturas de inovação estão dispostas a investir para ampliá-las, enquanto aquelas que não têm, estão à procura de profissionais competentes para construir essas estruturas do zero.

A área de inovação recebe profissionais de diversas áreas e formações diferentes, desde cursos mais tradicionais como a engenharia, até cursos mais criativos como o marketing. O que todas essas pessoas têm em comum são os seis pilares centrais que todos os profissionais de inovação compartilham:

  • Fundamentos de negócios: domínio dos aspectos mais básicos de estratégia e gestão corporativa. No caso do profissional de inovação, é importante que ele tenha uma visão holística de todas as áreas de negócio.
  • Engenharia de oportunidades: esses profissionais possuem um radar apurado para visualizar oportunidades onde outras pessoas enxergam apenas problemas. E sabem como capitalizar em cima disso.
  • Design de negócios: o profissional da inovação precisa dominar as ferramentas e técnicas para desenvolver e validar novos produtos e serviços. Isso envolve investigar mercados, compreender tendências de consumo e criar novas linhas de receita. 
  • Gestão de projetos: trabalhar com inovação significa atuar em projetos de alta visibilidade e impacto de transformação. Por outro lado, isso também quer dizer que o risco envolvido é consideravelmente maior do que em projetos convencionais. Além disso, a agilidade é determinante para o sucesso desses projetos.
  • Mobilização de partes interessadas: para tirar os projetos do papel, o profissional de inovação deve estar preparado para cooperar, persuadir e liderar múltiplas partes interessadas que muitas vezes estão distantes de seu escopo de atuação.
  • Caixa de ferramentas do inovador: existem modelos, ferramentas e frameworks amplamente utilizados na área de inovação. Os profissionais precisam não apenas conhecê-los, mas também saber exatamente quando e como utilizá-los para potencializar seus projetos.

(Future Dojo/Divulgação)

Como começar nessa área? Diferente das profissões tradicionais, os caminhos para chegar lá não são tão óbvios. Mas quem consegue transformar esse interesse em uma carreira é muito bem recompensado pelo mercado, desde de o início.

Se você é apaixonado por inovação e quer atuar com projetos de impacto, há boas notícias para você. A Future Dojo, braço educacional da ACE, uma das maiores referências em inovação no Brasil, vai fazer uma live ensinando os 6 passos para construir uma carreira de sucesso na linha de frente da transformação digital.

Quero ingressar na área que mais vai crescer em 2023

*Este conteúdo é produzido e apresentado por Future Dojo

Créditos

Últimas Notícias

ver mais
Eletrobras abre seleção para 351 vagas, em primeiro processo de contratação pós-privatização
seloCarreira

Eletrobras abre seleção para 351 vagas, em primeiro processo de contratação pós-privatização

Há 5 horas
Em busca de emprego? Saiba 10 dicas para conquistar a vaga e sair na frente
seloCarreira

Em busca de emprego? Saiba 10 dicas para conquistar a vaga e sair na frente

Há 6 horas
Como ser profissional no WhatsApp? Veja 8 dicas de etiqueta para se comunicar na rede social
seloCarreira

Como ser profissional no WhatsApp? Veja 8 dicas de etiqueta para se comunicar na rede social

Há 6 horas
Com direito a certificado, EXAME e Ibmec liberam mil vagas para segunda edição de curso sobre ESG
seloCarreira

Com direito a certificado, EXAME e Ibmec liberam mil vagas para segunda edição de curso sobre ESG

Há 8 horas
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais