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ESG: precisamos espalhar exemplo brasileiro, diz Gustavo Oliveira, da Fiemt

Durante evento da CNI em São Paulo, presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso falou sobre papel de destaque da indústria brasileira

Oliveira: Investimento em inovação colabora para a descarbonização (Bussola/Divulgação)

Oliveira: Investimento em inovação colabora para a descarbonização (Bussola/Divulgação)

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Publicado em 22 de agosto de 2022 às 16h45.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 17h08.

O Brasil já tem, há muitas décadas, estratégias claras rumo a uma economia verde, de baixo carbono, e tem condições de se tornar exemplo para o mundo, com experiências sólidas e consistentes. A fala do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, sinaliza o papel de destaque que a indústria brasileira terá na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27), que se aproxima, a ser realizada em novembro no Egito.

Em entrevista exclusiva à Bússola, durante evento de preparação para a COP27 da Confederação Nacional da Indústria (CNI) “Estratégia da Indústria para uma economia de baixo carbono”, que ocorreu nos dias 16 e 17 de agosto, Oliveira destacou ainda que é preciso investir em inovação para ajudar na descarbonização e que, para isso, empresas brasileiras precisam de estratégias claras de financiamento da economia verde, além de uma agenda de inovação, o desenvolvimento de tecnologias e programas governamentais.

Gustavo de Oliveira falou ainda sobre o diferencial das indústrias de seu estado ao abraçar iniciativas sustentáveis, com projeção internacional. “O Mato Grosso tem feito um grande trabalho no desenvolvimento de novas tecnologias, a partir de uma base agropecuária forte, alimentando indústrias sustentáveis no mundo inteiro”, afirmou.

Bússola: De que forma a indústria pode contribuir para uma economia de baixo carbono? E quais estratégias podem ser adotadas?

Gustavo de Oliveira: A indústria brasileira tem uma estratégia clara para uma economia de baixo carbono, baseada em pilares, que incluem o investimento em novas tecnologias para termos uma produção industrial cada vez mais verde e sustentável, mas também os avanços em infraestrutura, na transição energética, na produção de biodiesel, e diversas outras iniciativas para que a base da nossa economia seja realmente sustentável.

Outro ponto é que nós temos uma agenda voltada à inovação e ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para ser exportada para o mundo inteiro em setores como energia elétrica, produção de célula de combustível de etanol, entre outras inovações que podem ajudar muito esse mundo que quer cada vez mais se descarbonizar, mas precisa de novas soluções.

Temos de ter também um olhar para o futuro. A economia verde vai trazer oportunidades para um país como o Brasil, que tem na sua diversidade ambiental e nas possibilidades de inovação um grande trunfo nesse novo momento da economia mundial.

Que experiências positivas o Brasil vai levar para COP27?

Nós já temos aqui produção de alimentos sustentáveis em todas as regiões do país. Temos também o maior e um dos mais avançados programas de biocombustíveis do mundo. Tal programa, quando combinado com novas tecnologias – como a de carros híbridos –, pode ser uma grande solução de mobilidade sem poluição para muitas regiões do mundo onde não é possível gerar energia elétrica para abastecer carros de forma limpa e sustentável.

Nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, recebendo ainda investimentos em matrizes como a fotovoltaica, a energia eólica e tantas outras que podem ajudar ainda mais na descarbonização da economia mundial. O Brasil tem uma grande vantagem e pode largar ainda mais na frente na transição energética em relação a outros países do mundo.

Temos como desafios trazer empresas mundiais para produzirem no Brasil, além de criar uma plataforma de produção sustentável, economicamente viável e inclusiva, em que toda a nossa população possa se beneficiar da agenda de economia verde. Temos que lembrar que existem mais de 700 milhões de pessoas no mundo que sequer têm acesso à energia elétrica. Essas pessoas vivem em condições precárias de saúde e não têm acesso à boa educação, a uma boa infraestrutura de habitação. É fundamental que, enquanto avançamos na agenda de economia verde, precisamos criar estratégias sociais para que essas populações não fiquem para trás no desenvolvimento.

Que iniciativas o Brasil precisa adotar para ser uma referência em economia de baixo carbono?

As empresas brasileiras precisam que seja definida claramente uma estratégia de financiamento da economia verde. Assim, elas podem produzir inovação brasileira exportável para o mundo inteiro dentro dessa nova agenda, e para que elas possam se atualizar tecnologicamente, investindo em novas máquinas, equipamentos e, claro, tendo condições especiais para adotar estratégias mais sustentáveis. Esse financiamento é fundamental para que a indústria possa abraçar essa agenda e obter vantagens competitivas em um mundo que quer a economia verde, mas precisa ainda achar seus caminhos para fazer disso uma realidade.

Precisamos levar o exemplo brasileiro para o mundo inteiro. O Brasil possui experiências exitosas tanto no setor público quanto no setor privado. Enquanto o mundo inteiro abraça, há pouco tempo, essa agenda de economia verde, o Brasil já vem, há muitas décadas, nessa direção e pode levar a experiência sólida, consistente, para servir de exemplo para o mundo todo.

Como a indústria de Mato Grosso está posicionada nesse cenário de sustentabilidade?

Há mais de 15 anos, a Federação das Indústrias de Mato Grosso fundou o Instituto Ação Verde, uma iniciativa do setor privado que foi uma resposta para a implementação de políticas de economia verde desde aquela época. A partir do Instituto, nós conseguimos recuperar áreas degradadas, desenvolver estratégias para a economia de baixo carbono e apoiar não só a indústria, mas todos os setores da economia de Mato Grosso na transição para uma economia verde. Mato Grosso não tem campos de petróleo e gás, mas tem, a seu favor, a produção agropecuária, que pode se transformar em biocombustíveis, em ração sustentável, em proteína e alimento para o mundo de maneira sustentável, de maneira consciente, incluindo as populações.

Além disso, Mato Grosso tem feito um grande trabalho no desenvolvimento de novas tecnologias, a partir dessa base agropecuária forte, alimentando indústrias sustentáveis no mundo inteiro. A nossa madeira, o nosso algodão, a nossa soja e o nosso milho abastecem não só indústrias brasileiras, mas indústrias do mundo inteiro e, assim, temos contribuído muito para a sustentabilidade mundial.

Este artigo é uma publicação conjunta entre Bússola e Indústria Verde

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