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Covid no Brasil: média acima de mil óbitos por dia há 1 mês e vacinação ainda lenta

“O número de casos também segue elevado, acima do patamar recorde da primeira onda da pandemia, que ocorreu entre o fim de maio e o fim de agosto no país.”

O número de casos também segue elevado, acima do patamar recorde da primeira onda da pandemia, que ocorreu entre o fim de maio e o fim de agosto no país (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O número de casos também segue elevado, acima do patamar recorde da primeira onda da pandemia, que ocorreu entre o fim de maio e o fim de agosto no país (Tomaz Silva/Agência Brasil)

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André Martins

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 14h07.

Passados quase dois meses dos feriados de Natal e Ano Novo, que elevaram fortemente o número de casos de Covid-19 no Brasil, o país volta a consolidar um novo platô de mortes na pandemia de coronavírus. Já são 32 dias com a média móvel de mortes acima do patamar de 1.000 por dia. Incluindo o recorde diário de toda a pandemia no país, quando em 14 de fevereiro a média móvel atingiu 1.102 óbitos diários.

O atual quadro estatístico pode ser ainda pior. A média atual, de 1.037 mortes diárias, ainda envolve a segunda, a terça e a quarta de carnaval. Mesmo não tendo sido feriado em boa parte do país, é provável que parte dos dados divulgados nesses três dias ainda tenha sido afetada pela subnotificação. Com isso, somente após a média móvel da próxima quarta-feira deixaremos de ter esse potencial impacto estatístico.

O número de casos também segue elevado, acima do patamar recorde da primeira onda da pandemia, que ocorreu entre o fim de maio e o fim de agosto no país. No último domingo, a média móvel de casos atingiu 47,6 mil/dia, índice ainda bastante elevado e em ascensão há uma semana.

Contramão do mundo

O Brasil segue como o segundo país com mais mortes por Covid-19 em números absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos. Juntos, os dois países concentram mais de 30% do total de mortes registradas no mundo. Com 28,7 milhões de casos e 511,1 mil mortes, os EUA representam 25,7% do total de casos e 20,6% dos óbitos mundiais. O Brasil tem 246,5 mil vítimas e 10,1 milhões de casos, o equivalente, respectivamente, a 9,9% e 9,1% do total mundial.

Chama a atenção o comportamento de alta persistente da pandemia no Brasil. Outros países que estão atravessando a segunda onda hoje registram queda no número de mortes diárias. Alguns exemplos são Alemanha, Reino Unido, Itália e França. No entanto, o Brasil ainda segue em tendência de leve alta ou estabilidade em patamar elevado.

Diferentemente desses países europeus, por aqui não foram adotadas medidas restritivas, incluindo fechamento de bares e restaurantes, por exemplo. Em algumas cidades brasileiras, vêm sendo adotadas medidas mais extremas, como lockdown e toque de recolher. A questão é que a tônica tem sido impor essas restrições apenas quando a taxa de ocupação de leitos de UTI já está próxima de 100%. Ou seja, quando o número de casos e mortes já está bastante elevado.

Vacinação

Enquanto a segunda onda (alguns preferem chamar de repique da primeira) segue forte no Brasil, a vacinação segue a passos lentos. Até ontem, 2,8% da população brasileira havia recebido a primeira dose de alguma vacina.

Oficialmente, a vacinação começou em 19 de janeiro. Nesses 34 dias (até o último domingo), foram vacinadas com a primeira dose 5,853 milhões de pessoas, média de 172, 1 mil vacinados por dia. Nesse ritmo, ainda levaríamos mais de 3 anos para aplicar a primeira dose em todos os brasileiros.

É claro que o ritmo de vacinação deve crescer. Numa conta hipotética, se esse ritmo triplicar para uma velocidade de pouco mais de 500 mil doses diárias, ainda levaríamos um ano para completar a vacinação. Isso sem falar na segunda dose, necessária para todas as vacinas em uso hoje no país. Tanto que, nesses primeiros 34 dias de campanha de imunização, apenas 1,172 milhão de pessoas receberam as duas doses. Ou apenas 0,55% da população.

*Sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

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