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Remy Sharp
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O cenário atual para startups é desafiador. Após passar por um longo período de bonança e investimentos vertiginosos, a realidade que se instaurou desde meados de 2022 é de cortes de despesas e reestruturação para se manter de pé. Diante de um mercado com oferta de crédito limitada e com juros elevados, as rodadas de aportes se tornam mais raras e consideravelmente menos pomposas. Para se ter uma ideia, dados divulgados no Inside Venture Capital Report, da Distrito, mostram que no 1º semestre de 2023, houve uma queda de 51,4% no volume total de investimentos em startups brasileiras em comparação com o mesmo período do ano passado.

Toda essa conjuntura resulta em um contexto de desafios para essas empresas iniciantes. Com os fundos de venture capital assumindo cada vez menos riscos, as companhias voltadas à tecnologia precisam encontrar diferentes formas para ampliar a sua rentabilidade, e o runway (tempo de operação disponível a partir do caixa atual). 

Diante desse cenário, a saída encontrada pelas startups tem sido a adoção de práticas e estratégias criativas. Segundo Léo Jianoti, Managing Partner da Honey Island, empresa de venture capital especializada em fintechs, esse panorama tende a ser bastante duradouro. “É um período de ajuste, diante de alguns exageros que vivemos nos últimos anos. O cenário atual não é uma crise propriamente dita, mas um momento de reencontro entre os fundamentos econômicos e os investimentos em tecnologia. É essencial entender essa mudança de ciclo para evitar pessimismo e adotar as melhores estratégias pensando no futuro próximo”, afirma. 

Desafio de equipe

Nessa realidade de contenção, uma das maiores dificuldades encontradas pelo mercado de startups tem sido a retenção e atração de talentos. Sem a possibilidade de atrair novos colaboradores por meio de salários inflados, as empresas iniciantes se viram obrigadas a apostar em novos caminhos para conseguir manter um time qualificado em suas operações. Assim, contar com estratégias criativas e uma cultura organizacional diferenciada passaram a ser alternativas valiosas para sobreviver em meio a escassez de capital.

Este é o caso da Invenis. Tendo como propósito ajudar a resolver os litígios no Brasil, a legaltech apostou numa operação escalada somente na captação de recursos por meio das vendas de suas soluções. Sem o auxílio de investimentos externos, a empresa apostou na implementação de algumas dessas estratégias diferenciadas para atrair a atenção de bons profissionais no mercado.

De acordo com o cofundador da startup, Matheus Bombig, um dos recursos adotados foi a implementação de SOP (Stock Option Plan), um plano de opção de compras de ações, no qual possibilitou que os funcionários tenham a opção de adquirir cotas da sociedade. “Como apostamos em uma maratona e não em uma corrida de 100 metros, entendemos que seria um bom negócio oferecer a possibilidade de uma pessoa do time ter essa opção para atrair talentos. Assim, em um futuro evento de liquidez seria um diferencial para o tipo de talento no qual prezamos. Ou seja, são pessoas que buscam construir e fazer parte de algo mais amplo, e não apenas aproveitar momentos de valorização salarial no mercado”, declara.

Além dessa movimentação, a Invenis estruturou ainda uma cultura organizacional diferenciada, baseada no modelo de gestão descentralizada. Segundo Bombig, a decisão pela adoção dessa abordagem sem uma hierarquia possibilitou que os seus funcionários tenham total autonomia e liberdade para tomar decisões, oferecendo um ambiente muito mais participativo e engajado para a legaltech. “Entendemos que num ambiente complexo como o de tecnologia, a centralização das tomadas de decisões passavam a ser um gargalo para o desenvolvimento e crescimento para a empresa”, afirma.

No contrafluxo do mercado

Se a retenção de talentos é um desafio do momento, o mesmo pode ser dito sobre a atração de novos profissionais. Vivendo uma realidade distinta do restante do mercado de startups, a Nextron, climate tech com o propósito de democratizar o acesso dos brasileiros às fontes de energia sustentável, recebeu um aporte no início do ano passado de R$ 11,5 milhões e vem utilizando o montante para alavancar as suas operações em novas regiões do país e ampliar o seu quadro de colaboradores. Prova disso é que o atual número de funcionários da corporação cresceu nove vezes numa comparação com o mesmo período no ano passado. 

Apesar do cenário positivo, Ivo Pitanguy, CEO e fundador da Nextron, explica que o contexto atual do mercado torna o desafio de expandir o time ainda mais complexo. “A grosso modo não dá pra ser irresponsável. É importante olhar o caixa e entender os passos que conseguimos dar sem correr grandes riscos. Se há projeção positiva de receita, sabemos que é possível reter nossos talentos e ainda agregar mais benefícios para eles”, diz.

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