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CLI fecha contrato de R$ 1,4 bi por controle acionário de terminais em Santos

Negócio ocorre concomitantemente a outros movimentos que colocam ferrovias em primeiro plano no maior complexo portuário da América Latina

Rumo permanece com 20% da empresa (WhatsApp/Divulgação)

Rumo permanece com 20% da empresa (WhatsApp/Divulgação)

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Publicado em 21 de julho de 2022 às 12h14.

Última atualização em 21 de julho de 2022 às 14h12.

Por Bússola

 Uma curva crescente e em constante ascensão define com perfeição a operação do Porto de Santos na última década. Com mais de 147 milhões de toneladas movimentadas em 2021, o maior complexo portuário da América Latina registrou um salto superior a 40 milhões de toneladas nos últimos dez anos.

Parte desse crescimento exponencial está diretamente relacionada à retomada dos investimentos no setor ferroviário, que hoje já responde por mais de 30% das cargas que chegam ao cais santista. Apesar dos recordes recentes e da eficiência registrada nas operações, Santos segue dando sinais de que novos investimentos são necessários para evitar gargalos logísticos.

Um importante movimento nessa direção ocorreu no último dia 15, quando a Rumo, maior concessionária de ferrovias do Brasil, anunciou a venda de controle de dois dos maiores terminais de grãos e açúcar do complexo portuário santista. A operação envolveu a venda de 80% dos terminais à operadora CLI (Corredor Logística e Infraestrutura), que passará a administrar a Elevações Portuárias S/A (EPSA), empresa responsável pelos terminais 16 e 19 do Porto de Santos.

Na transação, a Rumo receberá R$ 1,4 bilhão, permanecendo dona de 20% da EPSA. A operação, que depende ainda das aprovações da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), não inclui os demais terminais em que a Rumo permanece como sócia no Porto de Santos: TXXXIX, TERMAG e TGG. Uma vez aprovado, o contrato deve viabilizar cerca de R$ 600 milhões em investimentos nos próximos anos, a fim de garantir um aumento superior a 20% no volume total movimentado nos dois terminais.

Novos players

 De acordo com o CEO da CLI, Hélcio Tokeshi, a empresa trará ao porto a expertise do seu modelo operacional utilizado no Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram): “É uma nova etapa para nós. Estamos falando do porto brasileiro que tem hoje a maior quantidade de terminais e a maior disponibilidade de navios. Vamos agregar novos valores como operador independente e otimizar a interface entre a operação do terminal e a operação da ferrovia”.

Operadora logística 100% bandeira branca, com a adição do T16 e do T19 à sua plataforma, a CLI vai passar da capacidade de elevação atual de 4 milhões de toneladas para mais de 20 milhões de toneladas. A empresa é um dos quatro operadores do Tegram, no Porto de Itaqui, onde presta serviços para o embarque de soja, farelo de soja e milho produzidos no Maranhão, Piauí, Tocantins (a região conhecida como Mapito) e nordeste do Mato Grosso. “O serviço que é sucesso em Itaqui será prestado com a mesma eficiência aos clientes de Santos”, diz Tokeshi. Toda operação financeira, está sendo viabilizada por meio de um aumento de capital de mais de R$ 500 milhões na CLI, cujas ações são atualmente detidas 100% pela IG4. Por meio desse, a IG4 continuará com 50% do capital votante da CLI, passando a compartilhar o controle com o fundo australiano Macquarie, que faz assim sua entrada no setor de infraestrutura do Brasil. O aumento de capital será integralmente subscrito pelo fundo Macquarie Infrastructure Partners.

Segundo o vice-presidente comercial da Rumo, Pedro Palma, a parceria com a CLI faz parte de uma estratégia com foco em uma logística ferroviária competitiva para o agronegócio: “Temos quatro terminais em operação na Malha Central, sendo três em Goiás e um em Minas Gerais, e três destes pertencem a empresas parceiras. É esse formato bem-sucedido que estamos replicando, agora em Santos, com a CLI“.

Mais investimentos em ferrovias

Também na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a proposta de cessão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), num modelo que funcionará em formato associativo.  A expectativa é expandir a capacidade anual do modal de 50 milhões de toneladas para 115 milhões de toneladas nos próximos cinco a dez anos. De acordo com a Santos Port Authority (SPA), a Fips exigirá investimentos estimados em R$ 891 milhões e o chamamento público para as empresas interessadas deve ser feito ainda neste trimestre.

A corrida contra o tempo é justificada pelo aumento de capacidade previsto para os próximos anos nos corredores ferroviários que conectam as principais regiões produtoras do país ao Porto de Santos. Somente na Malha Paulista, a Rumo está investindo mais de R$ 6 bilhões para ampliar a capacidade de 30 milhões de toneladas por ano para 75 milhões de toneladas por ano. Paralelamente, a empresa iniciou em 2021 as operações na Malha Central (Ferrovia Norte-Sul), que forma com a Malha Paulista uma nova rota logística de cargas provenientes de Goiás e Minas Gerais. A rota tem potencial para movimentar uma produção agrícola de mais de 36 milhões de toneladas a longo prazo.

De acordo com Palma, a Rumo vem concentrando seus investimentos no aumento da capacidade do modal ferroviário “Hoje já temos um fluxo diário de mais de 80 mil toneladas de grãos que saem do Mato Grosso em direção ao Porto de Santos no auge da safra”, afirma o vice-presidente comercial da Companhia.  No formato atual, a operação descarrega em média mais de 1.200 vagões por dia. Isso representa 60% da capacidade total do porto. A meta da empresa é chegar a 1.700 vagões por dia até 2025. “Para evitar que o porto se torne um gargalo no futuro, precisamos melhorar não somente as condições da infraestrutura dos corredores ferroviários, mas também fomentar parcerias para otimizar a operação dos terminais de carga e descarga”, afirma.

 

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