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80% dos consumidores brasileiros pretendem reduzir gasto com energia

Brasil ocupa o quinto lugar no ranking da ECCI, que mede a confiança dos consumidores em relação ao mercado de energia

Um terço dos brasileiros está em situação de pobreza energética (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um terço dos brasileiros está em situação de pobreza energética (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 20h30.

Por Bússola

Cerca de 50% dos consumidores dizem que gastaram mais com energia elétrica no último ano, e mais de um terço deles acredita que estão em situação de pobreza energética, o que significa dedicar pelo menos 10% da renda para eletricidade e/ou gás natural. Trazendo para o cenário do Brasil, 85% dos consumidores afirmam que estão tomando medidas para diminuir o consumo de energia. Já 84% priorizam decisões com foco na redução dos custos com energia. Os números fazem parte do Energy Consumer Survey, produzido pela EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. Foram entrevistados 70 mil consumidores residenciais de 18 países, como Brasil, China, Alemanha, França, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.

Em todo o mundo, apenas 15% dos consumidores estão satisfeitos com o preço da energia e a acessibilidade em termos financeiros. Apenas 22% responsabilizam as tensões geopolíticas, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, pelo aumento dos preços de energia. E, para 35% dos respondentes, o motivo está nas fornecedoras de energia, que elevaram os preços para obter receitas maiores.

O estudo contou com amostra diversificada em termos de idade e renda, com 18 anos no mínimo e com 75% dos respondentes constando como os pagadores ou titulares da conta de energia. No Brasil, foram entrevistadas pouco mais de duas mil pessoas entre abril e maio do último ano.

Brasileiro entre os mais confiantes no mercado de energia

O levantamento traz o Energy Consumer Confidence Index (ECCI), índice que mensura a confiança do consumidor em relação ao mercado de energia, inclusive na transição energética em curso, e seu otimismo sobre a implementação dessas medidas.

O ECCI fornece um panorama sobre o mercado de energia, seguindo o modelo do Consumer Confidence Index, um índice que ajuda a prever o crescimento ou a recessão da economia. Entre as informações reveladas estão a forma como os consumidores enxergam o mercado energético, o valor entregue pelos fornecedores de energia, o acesso às opções de energia limpa, a acessibilidade financeira e o andamento da transição para uma realidade com baixa ou sem emissão de carbono.

No ranking ECCI, a China lidera, com 77,6 pontos, o que faz dos seus consumidores os mais confiantes do mundo em relação ao mercado de energia. Na sequência, aparecem Malásia, com 70,6; Hong Kong, com 69,2; Canadá, com 66,2; Brasil e Austrália, empatados com 65,5; EUA, com 64,8; e Holanda, com 63,2.

A geração Z (menos de 25 anos) tem o maior ECCI dentre os consumidores brasileiros. Por outro lado, os chamados boomers (acima de 57 anos) são os menos confiantes. Mais de dois terços dos respondentes brasileiros dizem que estão interessados em energia renovável, geração doméstica de energia e novos produtos e serviços de energia. Quase metade -- 47% -- aceita pagar mais por produtos e serviços sustentáveis, mas abaixo da porcentagem registrada no estudo anterior, que foi de 53%.

“O levantamento da EY indica desafios relevantes para o mercado de energia, demonstrando que o Brasil está conectado a uma agenda global, com uma parcela crescente de jovens consumidores que seguirão exigindo serviços inovadores e sustentáveis por parte das empresas”, diz Ricardo Fernandez, sócio responsável pela indústria de Power & Utilities da EY. Para que o país não deixe de ocupar uma posição relevante nas discussões globais, é fundamental, na avaliação de Fernandez, a solidificação do arcabouço regulatório, bem como que os grandes fornecedores de energia estejam atentos às profundas transformações exigidas por essa nova realidade.

“Nesse contexto, repensar seus processos de negócio, arquitetura de sistemas e tecnologia, além de estar atento aos aspectos culturais das organizações, será fundamental para operar com sucesso no novo mundo de energia, onde clientes cativos, dificilmente, farão parte do dia a dia”, diz o executivo.

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