Acompanhe:

Sérgio Moro aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro

Após reunião com presidente eleito, magistrado afirmou que aceitou "honrado" o convite e promete agenda forte de combate à corrupção

Modo escuro

Continua após a publicidade
Moro: o magistrado deve deixar em breve as audiências da Lava Jato (Rafael Marchante/Reuters)

Moro: o magistrado deve deixar em breve as audiências da Lava Jato (Rafael Marchante/Reuters)

C
Clara Cerioni, com agências

Publicado em 1 de novembro de 2018 às, 10h58.

Última atualização em 1 de novembro de 2018 às, 13h32.

São Paulo — O juiz Sérgio Moro aceitou nesta quinta-feira (01) assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PSL). O magistrado toma posse, assim como o presidente eleito, em janeiro de 2019.

Após uma reunião de mais de 2 horas na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, o juiz soltou uma nota afirmando que aceitou "honrado" o convite e promete "uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado". No Twitter, Bolsonaro também confirmou a informação.

Em um vídeo também publicado no Twitter, Bolsonaro diz que Moro terá "ampla liberdade" para escolher quem irá compor seu Ministério.

Além de falar sobre o convite, a nota do magistrado diz que "para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências".

No dia 14 de novembro, o magistrado teria uma audiência para interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso do sítio de Atibaia. O ex-presidente é acusado de ter recebido propina da Odebrecht, da OAS e do pecuarista José Carlos Bumlai em forma de obras no imóvel. 

O magistrado viajou de Curitiba para o Rio nesta manhã para a reunião. Em breve entrevista durante o voo, Moro disse que entender que o país "precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anticrime organizado", e que aceitaria o cargo se ficasse clara a possibilidade de implementação dessa agenda e convergência de ideias com Bolsonaro.

De acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, Moro já estava decidido a aceitar e só esperava a garantia formal do próprio presidente eleito com as condições pedidas por ele para assumir o cargo: o comprometimento do governo com a aprovação das 10 medidas contra a corrupção preparadas pelo Ministério Público e a ampliação dos poderes do Ministério da Justiça.

Em novembro de 2016, Moro afirmou ao Estadão que "jamais entraria na política". Especialistas interpretam que a sua atitude pode vistar a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2020, quando haverá um cargo disponível após aposentadoria do decano Celso de Mello.

A decisão de aceitar o ministério já está sendo criticada por deputados petistas como conflito de interesses, já que o juiz foi responsável pela condenação do ex-presidente Lula em julho de 2017.

A defesa pediu hoje a anulação do processo em que ele é acusado de receber um terreno da Odebrecht como pagamento de propina.

Leia a nota na íntegra

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Publica na próxima gestão. Apos reunião pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na pratica, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes".

A nota termina com "Curitiba, 01 de novembro de 2018", sugerindo que a decisão já estava tomada antes da viagem ao Rio.

Superministério

Na nota, o magistrado responsável pelos casos da Operação Lava Jato em Curitiba afirma que a pasta será ampliada, com a reintegração da Segurança Pública, mas não confirmou se será um superministério.

Especulações apontam que o novo desenho do Ministério da Justiça poderia contar com Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, da CGU (Controladoria-Geral da União) e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Natural de Maringá (PR), Sergio Fernando Moro, além de magistrado é escritor e professor universitário. Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá, tem mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Paraná. É juiz federal desde 1996, com especialização em crimes financeiros.

Últimas Notícias

Ver mais
Fuga em Mossoró: Justiça encerra atuação da Força Nacional, que custou R$ 1,3 milhão só em diárias
Brasil

Fuga em Mossoró: Justiça encerra atuação da Força Nacional, que custou R$ 1,3 milhão só em diárias

Há 11 horas

Moraes pede para PGR se manifestar sobre ida de Bolsonaro à embaixada da Hungria
Brasil

Moraes pede para PGR se manifestar sobre ida de Bolsonaro à embaixada da Hungria

Há 16 horas

Bolsonaristas têm 1ª derrota na Comissão de Educação e Nikolas pede por mudança nos membros
Brasil

Bolsonaristas têm 1ª derrota na Comissão de Educação e Nikolas pede por mudança nos membros

Há um dia

Jair Renan Bolsonaro vira réu por suposta fraude em empréstimo bancário
Brasil

Jair Renan Bolsonaro vira réu por suposta fraude em empréstimo bancário

Há um dia

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais