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Santos-Guarujá: entenda qual será a técnica utilizada para construção do 1º túnel imerso do Brasil

Com investimento estimado em R$ 6 bilhões, o projeto será realizado por meio de uma parceria público-privada (PPP), com concessão de 30 anos para construção, operação e manutenção

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 25 de abril de 2025 às 12h12.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 12h58.

O governador Tarcísio de Freitas e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, realizam nesta semana uma missão internacional para buscar investidores para a construção do primeiro túnel imerso do Brasil, que ficará entre os municípios de Santos e Guarujá. 

O projeto adotará uma tecnologia consagrada internacionalmente, aplicada em países como Holanda, Japão, China e Coreia do Sul, mas inédita no Brasil.

O edital estabelece que a empresa ou consórcio interessado deve ter experiência prévia na construção, ou participação em projetos similares. Como este é o primeiro túnel submerso do Brasil, espera-se que um agente internacional participe do leilão.

Com investimento estimado em R$ 6 bilhões, o projeto será realizado por meio de uma parceria público-privada (PPP), com concessão de 30 anos para construção, operação e manutenção. O leilão ocorrerá em 1º de agosto de 2025. A obra, a maior do Novo PAC, é uma parceria entre o estado e o governo federal.

Como será a técnica de engenharia utilizada na construção do túnel Santos-Guarujá

A estrutura terá 1,5 km de extensão, com 870 metros submersos, e utilizará o método de túnel imerso, alternativa aos modelos tradicionais de escavação profunda ou pontes suspensas.

Diferente dos túneis escavados – como os usados no metrô – o túnel imerso será formado por módulos de concreto pré-moldados, construídos em uma doca seca.

Esses módulos serão então transportados por flutuação até o local, onde serão submersos com precisão, encaixados no leito do canal e ancorados com camadas de lastro.

Segundo o governo de São Paulo, a escolha por esse método levou em conta uma série de fatores técnicos e operacionais.

O solo da região, composto por argilas moles e sedimentos fluviais, não oferece a estabilidade necessária para escavações profundas. Além disso, a construção de uma ponte foi descartada por restrições impostas pela Base Aérea de Santos e pelo tráfego intenso de navios no canal portuário.

As gestões federal e estadual defendem que o túnel imerso também oferece vantagens ambientais e urbanas, por exigir menos desapropriações, ter obra mais rápida e reduzir os impactos na paisagem e no entorno urbano. Outro ponto é que a operação e manutenção terá custo menor e será mais eficiente.

Como vai ser o túnel Santos-Guarujá?

Segundo o projeto, o túnel de 870 metros de extensão deve levar três anos para ser construído, com expectativa de conclusão no final de 2028. Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos, o projeto contará com três faixas por sentido, uma delas exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de passagens para pedestres e ciclistas.

Também integra o portfólio a concessão das travessias litorâneas e fluviais, que prevê a operação, modernização e gestão de 14 linhas aquaviárias por 20 anos. O edital está previsto para o primeiro semestre de 2025 e a estimativa é de R$ 1 bilhão em investimentos, com manutenção da política tarifária atual, gratuidades preservadas e aquisição de 48 embarcações, incluindo modelos elétricos, que ampliarão a eficiência e a sustentabilidade do sistema.

A ligação Santos-Guarujá é esperada por toda comunidade da região portuária e população do entorno, com perspectiva para melhorar o fluxo de pedestres que transitam entre as duas cidades, além de permitir mais segurança às embarcações que escalam o Porto de Santos para realizar operações.

Segundo o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, há planos para a construção de uma ligação seca entre as duas cidades ao menos desde 1927, quando se cogitava a escavação de um túnel para a passagem de um bonde elétrico. Em 1948, a proposta era fazer uma ponte levadiça no local. Já em 1970, a alternativa discutida previa uma ponte com acesso helicoidal, que permitia a passagem de navios.

Segundo fontes envolvidas no assunto ouvidas pela EXAME, quatro consórcios estão interessados no projeto:

  • A chinesa CCCC (China Communications Construction Company) e a construtora portuguesa Mota-Engil;
  • A italiana Webuild e a construtora Andrade Gutierrez, 
  • A empresa espanhola Acciona
  • A OEC (Odebrecht Engenharia e Construção) com a EGTC (antiga Queiroz Galvão) e uma terceira companhia, que viabilizaria a parte financeira do consórcio
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