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Radar e foguete hipersônico das Forças Armadas são prioritários em novo plano de política industrial

Projeto do 14-X visa desenvolver sistemas de propulsão que superem a velocidade do som

Teste realizado pela FAB em 2021 mostra lançamento de protótipo de foguete hipersônico 14-X (Reprodução)

Teste realizado pela FAB em 2021 mostra lançamento de protótipo de foguete hipersônico 14-X (Reprodução)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 16h24.

Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 17h21.

O "Plano de Ação para Neoindustrialização", apresentado pelo governo federal nesta segunda-feira, elenca projetos das Forças Armadas como prioritários em seu último capítulo, dedicado a "Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais". Entre eles, estão o Radar M200 e o foguete de propulsão hipersônica.

A meta estipulada no plano é de que até 2033 o Brasil tenha 50% de autonomia de produção de "tecnologias críticas para a defesa". O foguete hipersônico 14-X, nome que homenageia o 14-Bis de Santos Dumont, é desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira (FAB), sendo um de seus projetos estratégicos.

A última atualização divulgada pela FAB sobre o andamento do projeto é de dezembro de 2021, quando o motor do 14-X foi testado no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O foguete atingiu 30 km de altitude e foi acelerado até uma velocidade de Mach 6 — ou seja, seis vezes a velocidade do som. Para ser considerado hipersônico, um veículo deve atingir Mach 5.

Essa tecnologia pode ser usada em iniciativas ligadas à exploração espacial, como é citado no "Portfólio de Projetos Estratégicos", apresentado pelo Ministério da Defesa em 2022. A tecnologia é "considerada um dos meios mais eficientes de acesso ao espaço no futuro, podendo ser utilizada para colocar satélites em órbita e fazer voos suborbitais", segundo o documento.

A tecnologia, no entanto, é também condição para o desenvolvimento de armas de ponta. Países como a Rússia e a China já têm em seu arsenal mísseis hipersônicos, que, em suas versões mais recentes, têm capacidade de alterarem sua trajetória, o que dificulta a interceptação por inimigos. Um desses mísseis, o russo Kinjal, chegou a ser usado pelo governo de Vladimir Putin no conflito na Ucrânia.

"Devido a sua velocidade, mísseis hipersônicos tornam extremamente difícil a ação das defesas antiaéreas, sendo uma importante arma ofensiva como defensiva", explica o professor Augusto Teixeira, do curso de Relações Internacionais da UFPB, que descreve a tecnologia como uma das "fronteiras" do meio militar. "Distinto de países como a Índia, o Brasil não possui um projeto para uma família de mísseis. Cada Força Singular possui o seu projeto específico, o que eleva os custos, complexifica o desenvolvimento e afeta as condições futuras de exportação."

"Além do emprego em mísseis, os motores hipersônicos aspirados, especialmente os do tipo scramjet [Supersonic Combustion Ramjet], que estão sendo desenvolvidos pelo projeto 14-X, têm o potencial de serem usados em veículos lançadores de satélites, principalmente para a fase de ascensão na atmosfera", aponta Paulo Filho, coronel da reserva do Exército e mestre em ciências militares.

Outra tecnologia citada no documento é o Radar M200, desenvolvido pelo Exército Brasileiro e a Embraer. O dispositivo detecta aeronaves ao seu redor em um raio máximo de 200 km (150 km para aeronaves de combate), tendo uma cobertura de 360°. No ano passado, o sistema passou por um teste no Aeroporto Júlio Belém durante o Festival de Parintins. De acordo com o Exército, o M200 pode ainda ser utilizado em ações de controle de tráfego aéreo e na vigilância da fronteira.

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