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Concessionárias investirão R$ 40 bi de rodovias a hidrovias até 2029, diz CEO da MoveInfra

Movimento reúne as operadoras CCR, EcoRodovias, Rumo Logística, Hidrovias do Brasil, Ultracargo e Santos Brasil, e aposta na expansão de modais sustentáveis como hidrovias e ferrovias

CEO da MoveInfra é economista formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, tem MBA pela FGV, pós-graduação internacional, foi secretário nacional de aviação civil e liderou a a modernização dos leilões de concessão de aeroportos (Exame Infra/YouTube/Reprodução)

CEO da MoveInfra é economista formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, tem MBA pela FGV, pós-graduação internacional, foi secretário nacional de aviação civil e liderou a a modernização dos leilões de concessão de aeroportos (Exame Infra/YouTube/Reprodução)

Publicado em 29 de abril de 2025 às 14h11.

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As concessionárias associadas à MoveInfra, movimento que reúne seis grandes grupos de infraestrutura no Brasil, têm um capital de investimento (CAPEX) de R$ 40 bilhões em projetos de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos já contratado para os próximos cinco anos. De acordo com Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, considerando uma janela de dez anos, o montante poderá se aproximar de R$ 80 bilhões.

"Temos grandes obras em andamento que demandam muito CAPEX", afirmou Glanzmann no 9º episódio do videocast EXAME INFRA realizado pela EXAME, em parceria com a empresa Suporte, para debater o tema da infraestrutura no país.

Entre os projetos destacados estão a construção da nova descida da Serra dos Imigrantes, pela EcoRodovias, que terá 21 quilômetros — 17 deles em túneis — e deve abrigar o maior túnel rodoviário do Brasil. A obra é estratégica para melhorar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste rumo ao Porto de Santos, o maior complexo portuário da América Latina.

Assim como a ferrovia de 740 quilômetros que vem sendo construída pela Rumo Logística entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. A estrutura deve mudar a lógica do escoamento de grãos na região, hoje dependente da BR-163, ao ligar o terminal de grãos ao "coração da soja", entre 2028 e 2029.

Além desses projetos, um ponto de atenção da MoveInfra é garantir que o Porto de Santos supere os gargalos que, com a demanda atual, prejudicam embarques e desembarques de cargas.

"Todas aquelas vias acesso, seja na margem direita ou esquerda, são vias muito complicadas, com muito trânsito e muita carga e isso vai aumentar. Temos nesse ano a super safra. Esses investimentos em infraestrutura [pelo país] vão demandando mais, uma coisa puxa a outra, o Rodoanel Norte puxa a nova descida da serra, que puxa o sistema viário. E temos obras previstas em Santos e tem o ferroviário chegando", disse o CEO da MoveInfra.

Fundada como uma associação, mas atuando como um "movimento" de articulação de alto nível para infraestrutura, a MoveInfra reúne seis grandes operadores: CCR, EcoRodovias, Rumo Logística, Hidrovias do Brasil, Ultracargo e Santos Brasil.

"São empresas com contratos de 20 a 30 anos, todas listadas em bolsa e com forte compromisso com a agenda de infraestrutura e sustentabilidade", afirmou Glanzmann.

'Filho caçula' da infraestrutura: as hidrovias

O CEO também destacou o crescente foco da MoveInfra em hidrovias, o "filho caçula", como definiu, da infraestrutura brasileira e peça-chave na agenda de descarbonização.

"O Brasil tem um potencial gigantesco de rios navegáveis o ano inteiro. Um comboio de barcaças com um único empurrador retira milhares de caminhões das rodovias, o que é ambientalmente muito positivo", disse.

Em 2024, nota técnica da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) também observou que, para o transporte de commodities, o frete hidroviário unitário (por tonelada) chega a quase metade do valor do modal ferroviário e 25% do rodoviário. Mas, apesar disso e do impacto na agenda ambiental, o plano de aumentar o potencial hidroviário do país pouco avançou.

Segundo Glanzmann ainda é necessário garantir a navegabilidade dos rios, com obras de dragagem para manter o calado, além de sinalização e, em alguns casos, a retificação de curvas. "Muita gente fala: 'mas então o governo vai privatizar os rios?' e não é nada disso. Não se trata de privatizar rios, mas de conceder a gestão de serviços que mantenham a navegabilidade o ano todo", afirmou.

O primeiro passo já foi dado: o governo federal lançou consulta pública para a concessão da Hidrovia Paraguai-Paraná. O tramo sul com 600 quilômetros de Corumbá (MS) à foz do rio Apa (no município de Porto Murtinho) tem edital previsto para o segundo semestre deste ano.

"Essa região já movimenta minério, celulose e produtos agrícolas, e tem um potencial logístico enorme, seja para o sul, via Rio da Prata, seja para o norte. A produção de soja, milho e uma serie de atividades pode correr para cima, seja pelo rio Madeira ou pelo Tapajós".

Expansão ferroviária e novo ciclo rodoviário

O setor ferroviário também vive um momento de transformação, na análise do CEO da MoveInfra, impulsionado pelo lançamento do Plano Nacional de Ferrovias e por projetos estruturantes como a Fiol (Bahia) e a Fico (Mato Grosso).

De acordo com o Ministério dos Transportes, a Fiol ligará o interior da Bahia ao Porto de Ilhéus, facilitando o escoamento da produção agrícola e mineral. Enquanto a Fico conectará o estado do Mato Grosso à Ferrovia Norte-Sul, fortalecendo a logística do agronegócio.

O modal é previsto para esse ano como um projeto prioritário no Novo PAC, com investimentos estimados em R$ 28,7 bilhões em um prazo de 35 anos de concessão.

Na área rodoviária, o CEO também enxerga um ciclo promissor, impulsionado pelos esforços do governo e do Tribunal de Contas da União (TCU) para repactuar contratos problemáticos e lançar novos leilões com maior segurança jurídica.

"Contrato frustrado é ruim para todo mundo, inclusive para a sociedade. Agora temos processos de revisão republicanos e transparentes", disse.

Novos players no setor de infraestrutura

Com 15 leilões rodoviários federais previstos apenas em 2025, Glanzmann vê espaço para a entrada de novos perfis de investidores, incluindo fundos de investimento alinhados a operadores especializados.

"Essa diversificação de players é um sinal da maturidade do setor e da crescente competitividade nos projetos", afirmou.

Para ele, a evolução do mercado também se reflete na disposição dos associados da MoveInfra em participar de concessões mais desafiadoras em regiões como Norte de Minas, Tocantins e o Nordeste, além dos tradicionais eixos do Sudeste. "É importante que tenhamos projetos que extrapolem os corredores óbvios. Isso mostra que mais gente está vendo viabilidade nas modelagens".

EXAME INFRA

O EXAME INFRA é um podcast da EXAME em parceria com a empresa Suporte, especializada em soluções para obras e projetos de infraestrutura. Com episódios quinzenais disponíveis no YouTube da EXAME, o programa se debruçará sobre os principais desafios do setor de infraestrutura no Brasil.

Veja os episódios:

Ep. 1 - EXAME INFRA: SP planeja concessões de rodovias, CPTM e mais com R$ 30 bi em investimentos

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Ep.2 - EXAME INFRA: Com prazo para setembro de 2026, Via Appia quer antecipar entrega final do Rodoanel Norte

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Ep. 3 - EXAME INFRA: Rodovias, ferrovias, 'antídoto' para o câmbio: a agenda de R$ 160 bi do Ministério dos Transportes

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Ep. 4 - '26 anos em 5': rodovias no Brasil terão R$ 150 bi em investimentos até 2030, diz presidente da ABCR 

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Ep. 5 - Com R$ 22 bi ao ano, Brasil ainda investe menos da metade para atingir meta de saneamento

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EP. 6  - Privatização da Sabesp triplica velocidade da empresa, que contrata R$ 15 bi em 90 dias, diz diretor

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EP. 7  - Investimento no Porto de Santos chega a R$ 22 bi e promete modernização e integração com a cidade

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EP. 8  - Rumo investe R$ 6,5 bi para conectar terminal de grãos ao 'coração' da soja no MT

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