EXAME Política: pesquisas apontam 'duelo de rejeições' na eleição de 2022
Disputa presidencial com dois potenciais candidatos com rejeição elevada poderá ser marcada por pouca margem de convencimento, avalia o fundador do IDEIA Big Data, Maurício Moura, no podcast EXAME Política
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Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula registraram rejeição de pelo menos 50% dos eleitores na última pesquisa EXAME/IDEIA (Miguel Schincariol/Evaristo Sá/Getty Images)
Publicado em 28 de maio de 2021 às, 13h48.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às, 14h15.
A disputa antecipada pelas intenções de voto para a eleição presidencial de 2022, já marcada pela rejeição inspirada pelos principais nomes para a candidatura ao Executivo, Jair Bolsonaro e Lula, se consolidada no ano que vem, aponta para um "duelo de rejeições" com pouca margem de convencimento de eleitores no próximo pleito presidencial. A avaliação é do economista e fundador da empresa de pesquisa IDEIA Big Data, Maurício Moura.
"Continuamos com duas potenciais candidaturas com um grau de rejeição muito elevado, o que é uma coisa inédita nos pleitos presidenciais no pós-ditadura militar", afirmou no último episódio do podcast EXAME Política (ouça abaixo na íntegra).
A última pesquisa EXAME/IDEIA, divulgada no dia 21, apontou que na avaliação de 54% dos brasileiros o presidente Jair Bolsonaro não merece ser reeleito para mais quatro anos de mandato e para 50% o ex-presidente Lula não merece comandar o país novamente. Ao mesmo tempo, são os dois os que têm a maior quantidade de intenção de votos no primeiro turno. Em um eventual segundo turno, Lula aparece na liderança com 45%, ante 37% de Bolsonaro.
As intenções de voto no atual presidente têm acompanhado suas oscilações de popularidade nas pesquisas, aponta Moura, que lembra que Bolsonaro passa por um momento negativo na opinião pública. "O presidente Bolsonaro teve ao longo de nossas tomadas de intenção de voto, uma correlação enorme entre sua intenção de voto com sua popularidade", afirma.
"Ele vive hoje basicamente de intenção de voto dos eleitores que de alguma maneira aprovam o governo e parte dos que avaliam o governo como regular, mas não veem alternativa melhor", ressalta.
O último levantamento apontou que a avaliação do governo Bolsonaro está no pior momento desde quando assumiu a cadeira presidencial, com aprovação de apenas 24%.
Para o especialista, a evolução do presidente na opinião pública e, por consequência, na intenção dos eleitores, dependerá principalmente do ritmo de vacinação, que no momento frustra a população. De acordo com o último levantamento EXAME/IDEIA, 75% das pessoas consideram que a vacinação está atrasada no Brasil.
"A popularidade depende do governo surpreender em termos de ritmo de vacinação. Existe uma janela de oportunidade, que é a baixa expectativa, mas depende da entrega que houver daqui em diante", aponta Moura.
Espaço para terceira via?
Enquanto a polarização entre Bolsonaro e Lula cresce no cenário pré-eleitoral, os nomes aventados como uma terceira via partem de um degrau abaixo, aponta Moura. Na última pesquisa EXAME/IDEIA, tanto Bolsonaro quanto Lula aparecem com mais de 30% das intenções de voto cada num primeiro turno em todos os cenários da sondagem estimulada, enquanto outros candidatos não passam de 18% no melhor dos casos, observado na sondagem com o ex-ministro Sergio Moro.
Moura destaca a percepção, de acordo com os dados da pesquisa, de que o eleitor que não deseja votar nem em Bolsonaro nem em Lula é em maioria mais conservador e se identifica com a centro-direita. Isso mostra candidatos que se colocarem como uma alternativa no campo podem ter maiores chances iniciais. "Se tivermos uma candidatura como Moro, Tasso Jereissati ou Mandetta tem um potencial de começar num patamar mais alto. Por outro lado, ainda distante dos polos", afirma.
Apesar do cenário apertado, um dado revelado na última pesquisa mostra ainda haver espaço para outros candidatos na opinião pública, na avaliação do economista.
Na pesquisa espontânea, quando nenhum nome é dado ao entrevistado de antemão como opção, 46% das pessoas disseram não saber em quem votar. Segundo Moura, isso mostra que grande parte da população ainda não está com a cabeça na eleição, "o que dá um oceano de oportunidade de disputa", avalia.
"Esse talvez seja um dos dados mais importantes da pesquisa. Mostra o caminho e o tamanho da disputa que está por vir ainda", afirma.
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