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Em Copacabana, Bolsonaro se defende sobre golpe e diz ter apoio de Kassab para aprovar anistia

O partido do ex-presidente prometeu buscar celeridade ao projeto da anistia no Congresso

Bolsonaro falou que os presos pelos atos golpistas foram atraídos para uma "armadilha" (NELSON ALMEIDA/AFP)

Bolsonaro falou que os presos pelos atos golpistas foram atraídos para uma "armadilha" (NELSON ALMEIDA/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 16 de março de 2025 às 15h39.

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Em seu discurso durante ato em Copacabana, neste domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro se defendeu da acusação de golpe, da qual pode se tornar réu ainda este mês, fez comparações entre seu governo e o do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse ter angariado apoios na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023. A liberação dos presos é a principal pauta da manifestação deste domingo na Zona Sul do Rio, em que o líder do PL reuniu governadores, deputados e apoiadores.

"Há poucos dias, tinha um velho problema e resolvi, com o (Gilberto) Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília — afirmou. Todos os partidos estão vindo", falou.

Procurado, Gilberto Kassab não respondeu. Em busca de apoio ao projeto de anistia, Bolsonaro deixou de lado os ataques a Kassab e teve uma conversa reservada com o presidente do PSD, no mês passado.

Em março do ano passado, o ex-presidente havia atacado o cacique em uma lista de transmissão do WhatsApp por ter três ministérios no governo Lula. A aproximação entre os dois também tem como pano de fundo a sucessão do governo de São Paulo: caso Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) tenha a benção de Bolsonaro para se candidatar à presidência no ano que vem, Kassab, que é secretário de Governo, é um dos cotados na corrida para a vaga.

O partido do ex-presidente prometeu buscar celeridade ao projeto da anistia no Congresso. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que vai pedir regime de urgência ao projeto. Na prática, isso permite que o texto vá direto ao plenário sem passar por comissões temáticas.

"Quinta-feira, na reunião de colégio de líderes, nós vamos dar entrada, com minha assinatura, dos 92 deputados do PL e de vários outros partidos — e que eles vão ficar surpresos — para que nós possamos pedir a urgência do projeto da anistia para entrar na pauta na semana que vem", disse.

Em seu discurso, Bolsonaro citou casos de pessoas presas pelos ataques antidemocráticos de 2023 e levou para o palco a família de Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como "Clezão", que morreu em novembro de 2023, após um mal súbito no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Sua defesa havia pedido a conversão da pena em prisão domiciliar, mas a análise ainda não havia sido feita pelo STF.

"Quem é ou foi a liderança dessas pessoas? Não tiveram. Elas foram atraídas para uma armadilha", afirmou Bolsonaro.

Em 8 de janeiro de 2023, grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro furaram um bloqueio montado pela Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios e invadiram as sedes dos três Poderes — Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF). Os invasores depredaram o interior do Congresso, do Planalto e do STF, em ações registradas e transmitidas pelas redes sociais. No entorno do Planalto, os bolsonaristas entraram em conflito com a polícia e subiram a rampa, uma semana após a cerimônia de posse de Lula no mesmo local.

O ex-presidente também voltou a questionar sua derrota nas urnas, em 2022. Alegou que enchia manifestações "até maiores que essa", que "estava com o agro 100% fechado" e que aumentou os valores do Bolsa Família para R$ 600.

"Nosso governo fez seu trabalho. Por que perdeu a eleição?", questionou.

Discursos

Neste domingo, houve no carro de som críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes e falas em defesa de Bolsonaro como candidato em 2026. Os discursos eram embalados por efeitos sonoros que tentavam ressaltar a gravidade das falas ou criar um clima emocionante.

Governador de São Paulo e cotado para substituir Bolsonaro nas urnas, Tarcísio de Freitas afirmou que é "correto garantir a anistia para aqueles que nada fizeram".

"Qual a razão de afastar Jair Bolsonaro das urnas? É medo de perder a eleição? Eles sabem que vão perder. Estamos aqui para exigir a anistia dos que receberam penas desarrazoadas", disse.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também criticou o STF e citou o ministro Alexandre de Moraes, que, neste momento, foi vaiado pelo público. Ele afirmou que o magistrado "não tem um voto" e "tem decidido a vida de pessoas".

"Esse não é país de ministro do STF, nem é da esquerda", afirmou o pastor, que teve o maior tempo de discurso antes de Bolsonaro.

Já o pastor Silas Malafaia, organizador do evento e pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é "criminoso". Ele disse ainda que o STF "tem sido o supremo tribunal da injustiça e da politicagem barata".

"A partir do inquérito das fakes news, Alexandre de Moraes cria o crime de opinião e estabelece a censura. Ele rasga várias leis. Ele, por exemplo, não pode presidir esse inquérito porque ele é vítima."

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto não tocou no tema da anistia. Ele focou seu discurso na economia:

"Tenho fé que Bolsonaro vai ser o candidato de 2026. A gasolina está cara? A carne está carne? Por isso Bolsonaro tem que voltar."

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