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A quatro meses das eleições, como está a disputa nas 5 maiores capitais

A pandemia de covid-19 deve estar nos debates e nas campanhas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza

Propagandas eleitorais não podem ser feitas no dia do pleito (Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

Propagandas eleitorais não podem ser feitas no dia do pleito (Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 15 de julho de 2020 às 08h00.

Com a alteração do primeiro turno das eleições municipais de 2020 do dia 5 de outubro para 15 de novembro, faltam quatro meses para a votação. A mudança é reflexo da pandemia de covid-19 que deve alterar também os debates e propagandas dos candidatos.

Mas como está a disputa nas cinco maiores capitais do Brasil? Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza partidos já se organizam para criar coligações, lançar pré-candidatos, além de prefeitos que tentam a reeleição.

Como houve a mudança no dia de votação, todo o calendário também foi alterado. Agora, os candidatos precisam ser definidos até o dia 16 de setembro, e o debate e propagandas começam a partir do dia 27 de setembro.

O cientista político e coordenador do curso de Administração Pública da FGV - São Paulo, Marco Antonio Teixeira, diz que a covid-19 é um fator que será determinante nesta eleição.

As limitações para eventos físicos aumentam a importância relativa do horário eleitoral, e a qualidade da resposta das autoridades à pandemia deve ser um fator observado pelos eleitores.

"Outro fator é o bolsonarismo, que atualmente não tem legenda. O Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar, não vingou e o PSL é muito diferente das eleições presidenciais de 2018", avalia.

O partido pelo qual o presidente foi eleito, e depois se desfilou, é o que vai receber a segunda maior verba do Fundo Eleitoral, aproximadamente 199 milhões de reais, por ter elegido a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados.

O PT vai receber a maior fatia do dinheiro, cerca de 200 milhões de reais. Ao todo, o Tribunal Superior Eleitoral dividiu o mais de 2 bilhões de reais entre 33 legendas.

São Paulo

A maior cidade do país tem um pré-candidato à reeleição. Bruno Covas (PSDB) era vice de João Doria que deixou a prefeitura quando se candidatou ao Palácio dos Bandeirantes, em 2018. Um nome que poderia rivalizar com Covas é o também deputado federal Celso Russomanno, pelo Republicanos.

Uma sondagem feita pelo Paraná Pesquisas no começo de julho mostra o atual prefeito com 22,6% das intenções de voto e Russomanno logo atrás, com 18,3%. Na pesquisa ainda aparece o apresentador Datena, com 12,9%, mas ele desistiu recentemente de concorrer à prefeitura.

O candidato do PT será Jilmar Tatto, que venceu o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha em uma escolha interna do partido. Outra pré-candidata é a deputada federal Joice Hasselmann, pelo PSL.

"O Covas não tem um adversário forte, e tudo indica que ele vá para o segundo turno. Russomanno é aquele candidato bom de largada mas na chegada não consegue fazer grande número de votos. A Joice tem o fato de ter rompido com o Bolsonaro. E o PT perdeu a oportunidade de colocar um ex-ministro da saúde como candidato em um momento em que a pandemia vai ser o grande assunto", avalia o professor da FGV.

Ainda disputam a prefeitura de São Paulo Marcio França (PSB), que perdeu por pouco de Doria na disputa estadual. Orlando Silva (PCdoB), Andrea Matarazzo (PSD), Filipe Sabará (Novo), Guilherme Boulos (PSOL) e Arthur do Val (Patriotas) também estão na lista.

A ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (Solidariedade) ainda não decidiu se vai concorrer ou se entra como vice em alguma chapa.

Rio de Janeiro

Assim como em São Paulo, o Rio de Janeiro terá candidato a reeleição, com Marcelo Crivella (Republicanos). A situação é mais complicada para o atual prefeito porque vai enfrentar nomes conhecidos.

Uma chapa formada por Martha Rocha (PDT), Eduardo Bandeira de Mello (Rede) e Alessandro Molon (PSB) deve rivalizar com o atual prefeito. Ainda não está definido quem encabeçará a candidatura, mas tudo indica que será a ex-delegada geral do Rio, com Eduardo Mello de vice.

Eduardo Paes (DEM) também entra na disputa como pré-candidato tentando aglutinar o centro e tem a seu favor o fato de ter sido prefeito da cidade maravilhosa entre 2009 e 2016. Com a desistência de Marcelo Freixo, que disputou o segundo turno com Crivella em 2016, o PSOL indicou Renata Souza.

"O Crivella é o candidato do bolsonarismo e a oposição pode trazer o Paes novamente. Além disso, essa aliança com Martha Rocha, Mello e Molon pode ir para o segundo turno", avalia o cientista político da FGV Marco Teixeira.

Estão na disputa também os pré-candidatos: Benedita da Silva (PT), Brizola Neto (PCdoB), Clarissa Garotinho (Pros), Marcelo Calero (Cidadania), Rodrigo Amorim (PSL), Paulo Messina (MDB), Fred Luz (Novo), Cristiane Brasil (PTB), Gloria Heloiza (PSC) e Hugo Leal (PSD).

Paulo Marinho é o escolhido pelo PSDB para concorrer à prefeitura do Rio. Seu nome ficou nas manchetes do noticiário dos últimos meses após revelar que senador Flávio Bolsonaro teria obtido informações privilegiadas de investigações da Polícia Federal sobre Fabrício Queiroz. Marinho é suplente do senador e rompeu com a família Bolsonaro.

Salvador

O prefeito ACM Neto tenta manter o DEM no comando da capital baiana, com Bruno Reis como pré-candidato. Já o governador Rui Costa (PT) escolheu a Major Denice para a disputa.

"É muito difícil que o ACM Neto não consiga fazer um sucessor. Ele está colhendo bons frutos pela maneira como conduziu a crise da covid-19", avalia Marco Teixeira.

Também brigam pela prefeitura de Salvador o Sargento Isidório (Avante), Leo Prates (PDT), Irmão Lázaro (PL), Olívia Santana (PCdoB), Hilton Coelho (PSOL) e João Carlos Bacelar (Podemos).

Lídice da Mata (PSB) é deputada federal e tenta ser prefeita de Salvador pela segunda vez. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo e cumpriu mandato entre 1993 e 1996. No Congresso Nacional, é relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.

Fortaleza

Na capital cearense a rivalidade deve ficar entre a candidata do PT e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, e um candidato do PDT, do atual prefeito Roberto Claudio, que ainda não foi definido.

"O PT, do governador Camilo Santana, e o cirismo [do ex-governador Ciro Gomes, do PDT] são duas forças políticas muito importantes no Ceará. E a disputa deve ficar entre estes dois partidos", avalia o professor da FGV.

Ainda estão na disputa os pré-candidatos: Capitão Wagner (Pros), Renato Roseno (PSOL), Anísio Melo (PCdoB), Célio Studart (PV), Heitor Freire (PSL), Heitor Férrer (Solidariedade) e Carlos Matos (PSDB).

Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) tenta a reeleição. Na avaliação do cientista político Marco Teixeira, os mineiros devem dar mais um mandato ao atual prefeito, que chegou a ter 88% de aprovação das medidas implementadas no combate à pandemia, segundo pesquisa feita em abril pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH)/Instituto Quaest.

O partido Novo, do governador Romeu Zema, escolheu Rodrigo Paiva para disputar a prefeitura da capital mineira. O PT, do ex-governador Fernando Pimentel, ainda não definiu quem vai concorrer.

Também são pré-candidatos Áurea Carolina (PSOL), João Vítor Xavier (Cidadania), Wendel Mesquita (Solidariedade), Lafayett Andrada (Republicanos), Luísa Barreto (PSDB), André Janones (Avante) e  Wadson Ribeiro (PCdoB).

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