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Recorde do agro: Brasil pode desbancar EUA na exportação de milho em 2023

Tensão entre Estados Unidos e China contribui para maiores exportações brasileiras, mas acende alerta para risco de dependência à demanda asiática

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Milho: estimativa da Conab para as exportações em 2022/2023 é de 50 milhões de toneladas (Jaelson Lucas/AEN/Divulgação)

Milho: estimativa da Conab para as exportações em 2022/2023 é de 50 milhões de toneladas (Jaelson Lucas/AEN/Divulgação)

Após um salto de 32% entre 2021 e 2022, as exportações do agronegócio brasileiro rumam para um novo recorde neste ano. Chama a atenção a perfomance do milho, que aumentou 52,9% em relação à temporada anterior. O número é puxado pelo apetite chinês e fez o Brasil desbancar os Estados Unidos na liderança das vendas internacionais.

Leia também: Brasil supera desafios da safra 2022/23 e confirma recorde de 322,8 milhões de toneladas de grãos

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quarta-feira, 6, que a estimativa para os embarques ao longo de 2022/23 devem chegar a cerca de 50 milhões de toneladas do milho, ultrapassando as exportações norte-americanas.

Apenas de janeiro a agosto de 2023, as vendas externas do cereal somaram 6,66 bilhões de dólares, alta de 33,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O volume embarcado chegou a 25,2 milhões de toneladas, um aumento de 41,4% na mesma comparação.

Antes dos dados da Conab, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já apontava que, ao longo de 2022/2023, o Brasil foi responsável por quase 31,5% das exportações globais de milho, enquanto os EUA corresponderam a cerca de 23,2%. Para 2024, a projeção é de que o grão brasileiro siga no topo pelo segundo ciclo consecutivo, algo inédito.

Leia também: Seca prejudica produtividade do milho e pode levar à segunda pior quebra de safra dos EUA

Dependência da China

A China é um ponto-chave para este salto, segundo analistas. O país asiático, que de janeiro a julho respondeu por 37,2% das exportações do agro brasileiro, iniciou no ano passado um movimento para reduzir a dependência dos EUA em meio a um cenário de tensão geopolítica e guerra entre Ucrânia e Rússia. E o Brasil foi a escolha para suprir a demanda de milho, com o primeiro carregamento feito em novembro de 2022.

“Os EUA já foram um grande fornecedor de milho para China, mas as tensões têm feito os chineses buscarem outros parceiros. Nesse sentido, o fato de o Brasil ter boas relações com a maior parte dos países – e manter relacionamento mesmo no caso de relações não tão boas – faz com que o país seja uma alternativa muito segura em um cenário de confrontos geopolíticos”, observa Pedro Rodrigues, assessor de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Leia também: De advogada a agricultora: ela faz 5 toneladas de alimento em 1 hectare no litoral da Paraíba

Carlos Cogo, consultor e analista de mercado do agro, destaca que o aumento nos embarques do milho brasileiro não traz risco para o consumo interno porque o país tem um excedente seguro para atender à demanda internacional. “Somos um país agroexportador que se abastece e vende o excedente. A demanda interna cresce em torno de 1,5% ou 2% ao ano. Enquanto isso, a produção de grãos sobe 5,5%”, pontua.

Felipe Spaniol, coordenador de inteligência comercial e defesa de interesses da CNA, observa que, não fosse a queda de preços, a rentabilidade do agro neste ano seria recorde. Por outro lado, ele chama atenção para o risco de uma maior dependência da China.

“Hoje, 37,2% dos negócios do agro são com a China, enquanto a União Europeia responde por 13,4% e os Estados Unidos, por 5,7%. Por isso, precisamos acompanhar de perto o que ocorre lá. Há efeitos do ajuste imobiliário, envelhecimento da população, redução no consumo doméstico e previsão de crescimento abaixo de 5%. Isso, em médio e longo prazo, pode ser um ponto de atenção”, afirma. 

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