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Os investimentos de R$ 1,7 bilhão da Coamo para construir sua primeira indústria de etanol de milho

BNDES aprovou R$ 500 milhões para financiar nova planta da cooperativa; obras estão previstas para começar no início do próximo ano

 (Divulgação)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 18h40.

A Coamo Agroindustrial Cooperativa vai investir R$ 1,7 bilhão na construção de sua primeira usina de etanol de milho em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná.

A cooperativa, que atua na produção, industrialização e distribuição de alimentos e insumos agrícolas, contará com R$ 500 milhões de financiamento aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco anunciou a aprovação nesta terça-feira, 15, por meio de recursos do Fundo Clima.

A nova usina terá capacidade para processar 1.700 toneladas de milho por dia e produzir 765 mil litros de etanol por dia.

"Essa indústria de etanol foi escolhida para ser aqui porque precisamos de mais competitividade no milho, e é uma forma de verticalizar melhor o cereal", disse à EXAME Airton Galinari, presidente executivo da cooperativa.

Além do etanol, o projeto também resultará na produção diária de 510 toneladas de farelo para nutrição animal (DDGS) e 34 toneladas de óleo de milho, coprodutos gerados após a fermentação. O DDGS é um farelo rico em fibras e proteínas, utilizado na alimentação animal, enquanto o óleo de milho pode ser destinado à produção de biodiesel.

A nova planta será construída no Parque Industrial da Coamo, às margens da BR-487 no Paraná. Atualmente, o complexo abriga nove plantas industriais voltadas principalmente para a alimentação humana e animal. Entre as instalações estão moinho de trigo, fiação de algodão, indústrias de margarinas e gorduras vegetais, entre outros.

De acordo com Galinari, a construção da usina faz parte das estratégias definidas no Novo Plano Diretor da Cooperativa, definido em assembleia em 2022.

Além da produção de etanol, a nova planta terá uma matriz energética térmica baseada em eucalipto de reflorestamento próprio, com 5 mil hectares de cultivo. A usina gerará 30 megawatts de energia elétrica, suficiente para abastecer 100% do parque industrial desta usina de etanol de milho da Coamo. "É uma cadeia toda integrada", afirma Galinari.

A Coamo recebe anualmente 3 milhões de toneladas de milho, das quais entre 500 mil e 600 mil toneladas serão destinadas à produção de biocombustível. As obras estão previstas para começar no início do próximo ano, e as operações devem ser iniciadas no segundo semestre de 2026, segundo o presidente.

O Brasil conta com 24 usinas de etanol de milho em operação. Dessas, 11 são dedicadas exclusivamente ao milho, enquanto as demais são usinas flex, que produzem etanol tanto de cana-de-açúcar quanto de milho.

A produção de etanol de milho é predominante na região Centro-Oeste, mas há projetos de expansão para as regiões Norte e Nordeste. Os estados que possuem usinas de etanol de milho incluem Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo

Combustível do Futuro

De janeiro a outubro de 2024, as aprovações de crédito do BNDES para o setor de biocombustíveis totalizaram R$ 3,9 bilhões, marcando a segunda maior cifra da série histórica que começou em 2005. O recorde permanece em R$ 4,5 bilhões, registrado em 2010.

Na semana passada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei do Combustível do Futuro. A nova legislação estabelece que o percentual de mistura de etanol na gasolina será fixado em 27%, com o Poder Executivo podendo ajustá-lo entre 22% e 35%, de acordo com as condições de mercado – atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, com um mínimo de 18%.

No caso do biodiesel, a mistura atual de 14%, que está em vigor desde março deste ano, será aumentada gradualmente a partir de 2025, com acréscimos de 1 ponto percentual ao ano, até atingir 20% em 2030.

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